PARAÍBA JÁ

Uma minissérie documental gravada na Paraíba resgata a história da diáspora negra em pleno Sertão. Na década de 30, a comunidade quilombola do Navio, localizada em Coremas, foi submersa durante a construção de um imponente complexo hídrico pelo governo brasileiro.
A construção da obra, apontada como solução para a seca e o abastecimento de água, trouxe impactos que repercutem até hoje na comunidade do Navio e para a população negra na região: desigualdades no acesso à saúde, educação e garantia de direito à terra.
Intitulada ‘Navio do Sertão’, a minissérie é uma obra da Produtora AYA em parceria com a Barquinho Produtora. O pré-lançamento acontece em dois momentos. Nos dias 21, 22 e 23, as sessões serão especiais para as comunidades quilombolas de Coremas. Já no dia 27, em João Pessoa, haverá uma sessão gratuita às 19h reunindo as realizadoras da minissérie, no Cine Aruanda.
A minissérie Navio do Sertão foi realizada com incentivo do Governo Federal, através da Lei Paulo Gustavo, com gestão do Governo da Paraíba, via Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB).
Envolvimento dos membros da comunidade
Gravada na Paraíba, a obra tem quatro episódios com trinta minutos de duração. Navio do Sertão prima por um roteiro dinâmico, com depoimentos de 28 personagens, muitos dos quais descendentes da comunidade do Navio e que hoje estão dispersos em outras três comunidades quilombolas em Coremas.
Um dos aspectos mais relevantes da produção é abordar a participação dos quilombolas na construção do complexo hídrico e a promessa de relocação da comunidade do Navio, que até hoje não foi cumprida.
Patrícia Pinheiro, roteirista e diretora, explica que o propósito da obra é trazer uma realidade pouco conhecida e quebrar estigmas sobre o Sertão Nordestino. “Precisamos levar conhecimento sobre a diáspora negra e a cultura desses povos que foram forçados a deixar suas casas, com promessas, que nunca foram concretizadas, de serem realocados”.
Aline Paixão, que assina o roteiro da minissérie, reforça o impacto da obra documental para o direito à terra. “Assumimos o desafio de trazer a discussão sobre a regularização de terras para essas comunidades, que cumprem um papel essencial na história e na valorização da cultura afro-brasileira no contexto do Sertão”, destacou.